“Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro” | Entrevista com Giorgio Agamben

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Confira abaixo matéria publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos

“O capitalismo é uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro”, afirma Giorgio Agamben, em entrevista concedida a Peppe Salvà e publicada por Ragusa News, 16-08-2012.

Giorgio Agamben é um dos maiores filósofos vivos. Amigo de Pasolini e de Heidegger, foi definido pelo Times e pelo Le Monde como uma das dez mais importantes cabeças pensantes do mundo. Pelo segundo ano consecutivo ele transcorreu um longo período de férias em Scicli, na Sicília, Itália, onde concedeu a entrevista.

Segundo ele, “a nova ordem do poder mundial funda-se sobre um modelo de governamentalidade que se define como democrática, mas que nada tem a ver com o que este termo significava em Atenas”. Assim, “a tarefa que nos espera consiste em pensar integralmente, de cabo a cabo,  aquilo que até agora havíamos definido com a expressão, de resto pouco clara em si mesma, “vida política”, afima Agamben.

A tradução é de Selvino  J. Assmann, professor de Filosofia do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC [e tradutor de três das quatro obras de Agamben publicadas pela Boitempo].

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O governo Monti invoca a crise e o estado de necessidade, e parece ser a única saída tanto da catástrofe  financeira quanto das formas indecentes que o poder havia assumido na Itáli. A convocação de Monti era a única saída, ou poderia, pelo contrário, servir de pretexto para impor uma séria limitação às liberdades democráticas?

“Crise” e “economia” atualmente não são usadas como conceitos, mas como palavras de ordem, que servem para impor e para fazer com que se aceitem medidas e restrições que as pessoas não têm motivo algum para aceitar. ”Crise” hoje em dia significa simplesmente “você deve obedecer!”. Creio que seja evidente para todos que a chamada “crise” já dura decênios e nada mais é senão o modo normal como funciona o capitalismo em nosso tempo. E se trata de um funcionamento que nada tem de racional.

Para entendermos o que está acontecendo, é preciso tomar ao pé da letra a idéia de Walter Benjamin, segundo o qual o capitalismo é, realmente, uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro.  Deus não morreu, ele se tornou Dinheiro.  O Banco – com os seus cinzentos funcionários e especialistas – assumiu  o lugar da Igreja e dos seus padres e, governando o crédito (até mesmo o crédito dos Estados, que docilmente abdicaram de sua soberania ), manipula e gere a fé – a escassa, incerta confiança – que o nosso tempo ainda traz consigo. Além disso, o fato de o capitalismo ser hoje uma religião, nada o mostra melhor do que o titulo de um grande jornal nacional (italiano) de alguns dias atrás: “salvar o euro a qualquer preço”. Isso mesmo, “salvar” é um termo religioso, mas o que significa “a qualquer preço”? Até ao preço de “sacrificar” vidas humanas? Só numa perspectiva religiosa (ou melhor, pseudo-religiosa) podem ser feitas afirmações tão evidentemente absurdas e desumanas.

A crise econômica que ameaça levar consigo parte dos Estados europeus pode ser vista como condição de crise de toda a modernidade?

A crise atravessada pela Europa não é apenas um problema econômico, como se gostaria que fosse vista, mas é antes de mais nada uma crise da relação com o passado. O conhecimento do passado é o único caminho de acesso ao presente. É procurando compreender o presente que os seres humanos – pelo menos nós, europeus – são obrigados a interrogar o passado.  Eu disse “nós, europeus”, pois me parece que, se admitirmos que a palavra “Europa” tenha um sentido,  ele, como hoje aparece  como evidente, não pode ser nem político, nem religioso e menos ainda econômico,  mas talvez consista nisso, no fato de que  o homem europeu – à diferença, por exemplo, dos asiáticos e dos americanos, para quem a história  e o passado tem um significado completamente diferente – pode ter acesso à sua verdade unicamente através de um confronto com o passado, unicamente fazendo as contas com a sua história.

O passado não é, pois, apenas um patrimônio de bens e de tradições, de memórias e de saberes, mas também e sobretudo um componente antropológico essencial do homem europeu, que só pode ter acesso ao presente olhando, de cada vez, para o que ele foi.  Daí nasce a relação especial que os países europeus (a Itália, ou melhor, a Sicília, sob este ponto de vista é exemplar)  têm com relação às suas cidades, às suas obras de arte, à sua paisagem: não se trata de conservar bens mais ou menos preciosos, entretanto exteriores e disponíveis; trata-se, isso sim,  da própria realidade da Europa, da sua indisponível sobrevivência. Neste sentido, ao destruírem, com o cimento, com  as autopistas e a Alta Velocidade, a paisagem italiana, os especuladores não nos privam apenas de um bem, mas destroem a nossa própria identidade. A própria expressão “bens culturais” é enganadora, pois sugere que se trata de bens entre outros bens, que podem ser desfrutados economicamente e talvez vendidos, como se fosse possível liquidar e por à venda a própria identidade.

Há muitos anos, um filósofo que também era um alto funcionário da Europa nascente, Alexandre Kojève, afirmava que o homo sapiens havia chegado  ao fim de sua história e já não tinha nada diante de si a não ser duas possibilidades: o acesso a uma animalidade pós-histórica (encarnado pela american way of life) ou o esnobismo (encarnado pelos japoneses, que continuavam a celebrar as suas cerimônias do chá, esvaziadas, porém, de qualquer significado histórico). Entre uma América do Norte integralmente re-animalizada e um Japão que só se mantém humano ao preço de renunciar a todo conteúdo histórico, a Europa poderia oferecer a alternativa de uma cultura que continua sendo humana e vital, mesmo depois do fim da história, porque é capaz de confrontar-se com a sua própria história na sua totalidade e capaz de alcançar, a partir deste confronto, uma nova vida.

A sua obra mais conhecida, Homo Sacer, pergunta pela relação entre poder político e vida nua, e evidencia as dificuldades presentes nos dois termos. Qual é o ponto de mediação possível entre os dois pólos?

Minhas investigações mostraram que o poder soberano se fundamenta, desde a sua origem, na separação entre vida nua  (a vida biológica, que, na Grécia, encontrava seu lugar na casa) e vida politicamente qualificada (que tinha seu lugar na cidade). A vida nua foi excluída da política e, ao mesmo tempo,  foi incluída e capturada através da sua exclusão. Neste sentido, a vida nua é o fundamento negativo do poder.  Tal separação atinge sua forma extrema na biopolítica moderna, na qual o cuidado e a decisão sobre a vida nua se tornam aquilo que está em jogo na política.  O que aconteceu nos estados totalitários do século XX reside no fato de que é o poder (também na forma  da ciência) que decide, em última análise, sobre o que é uma vida humana e sobre o que ela não é. Contra isso, se trata de pensar numa política das formas de vida, a saber, de uma vida que nunca seja separável da sua forma, que jamais seja vida nua.

O mal-estar, para usar um eufemismo, com que  o ser humano comum se põe frente  ao mundo da política tem a ver especificamente com a  condição italiana ou é de algum modo inevitável?

Acredito que atualmente estamos frente a um fenômeno novo que vai além do desencanto e da desconfiança recíproca entre os cidadãos e o poder e tem a ver com o planeta inteiro. O que está acontecendo é uma transformação radical das categorias com que estávamos acostumados a pensar a política. A nova ordem do poder mundial funda-se sobre um modelo de governamentalidade que se define como democrática, mas que nada tem a ver com o que este termo significava em Atenas. E que este modelo seja, do ponto de vista do poder, mais  econômico e funcional é provado pelo fato de que foi adotado também por aqueles regimes que até poucos anos atrás eram ditaduras. É mais simples manipular a opinião das pessoas através da mídia e da televisão do que dever impor em cada oportunidade as próprias decisões com a violência.  As formas da política por nós conhecidas – o Estado nacional, a soberania, a participação democrática, os partidos políticos, o direito internacional – já chegaram ao fim da sua história. Elas continuam vivas como formas vazias, mas a política tem hoje a forma de uma “economia”, a saber, de um governo das coisas e dos seres humanos. A tarefa que nos espera consiste, portanto, em pensar integralmente, de cabo a cabo,  aquilo que até agora havíamos definido com a expressão, de resto pouco clara em si mesma, “vida política”.

O estado de exceção, que o senhor vinculou ao conceito de soberania, hoje em dia parece assumir o caráter de normalidade, mas os cidadãos ficam perdidos perante a incerteza na qual vivem cotidianamente. É possível atenuar esta sensação?

Vivemos há decênios num estado de exceção que se tornou regra, exatamente assim como acontece na economia  em que a crise se tornou a condição normal. O estado de exceção – que deveria sempre ser limitado no tempo – é, pelo contrário, o modelo normal de governo, e isso precisamente nos estados que se dizem democráticos.  Poucos  sabem que as normas introduzidas, em matéria de segurança, depois do 11 de setembro (na Itália já se havia começado a partir dos anos de chumbo) são piores do que aquelas que vigoravam sob o fascismo. E os crimes contra a humanidade cometidos durante o nazismo foram possibilitados exatamente pelo fato de Hitler, logo depois que assumiu o poder, ter proclamado um estado de exceção que nunca foi revogado. E certamente ele não dispunha das possibilidades de controle (dados biométricos, videocâmaras, celulares, cartões de crédito) próprias dos estados contemporâneos. Poder-se-ia afirmar hoje que o Estado considera todo cidadão um terrorista virtual. Isso não pode senão piorar e tornar impossível  aquela participação na política que deveria definir a democracia. Uma cidade cujas praças e cujas estradas são controladas por videocâmaras não é mais um lugar público: é uma prisão.

A  grande autoridade que muitos atribuem a estudiosos que, como o senhor, investigam a natureza do poder político poderá trazer-nos esperanças de que, dizendo-o de forma banal,  o futuro será melhor do que o presente?

Otimismo e pessimismo não são categorias úteis para pensar. Como escrevia Marx em carta a Ruge: ”a situação desesperada da época em que vivo me enche de esperança”.

Podemos fazer-lhe uma pergunta sobre a lectio que o senhor deu em Scicli? Houve quem lesse a conclusão que se refere a Piero Guccione como se fosse uma homenagem devida a uma amizade enraizada no tempo, enquanto outros viram nela uma indicação  de como sair do xequemate no qual a arte contemporânea está envolvida.

Trata-se de uma homenagem a Piero Guccione e a Scicli, pequena cidade em que moram alguns dos mais importantes pintores vivos. A situação da arte hoje em dia é talvez o lugar exemplar para compreendermos a crise na relação com o passado, de que acabamos de falar. O único lugar em que o passado pode viver é o presente, e se o presente não sente mais o próprio passado como vivo, o museu e a arte, que daquele passado é a figura eminente, se tornam lugares problemáticos. Em uma sociedade  que já não sabe o que fazer do seu passado, a arte se encontra premida entre a Cila do museu e a Caribdis da mercadorização. E muitas vezes, como acontece nos templos do absurdo que são os museus de arte contemporânea,  as duas coisas coincidem.

Duchamp talvez tenha sido o primeiro a dar-se conta do beco sem saída em que a arte se meteu. O que faz Duchamp quando inventa o ready-made?  Ele toma um objeto de uso qualquer, por exemplo, um vaso sanitário, e, introduzindo-o num museu, o força a apresentar-se como obra de arte.  Naturalmente – a não ser o breve instante que dura o efeito do estranhamento e da surpresa – na realidade nada alcança  aqui a presença: nem a obra, pois se trata de um  objeto de uso qualquer, produzido industrialmente, nem a operação artística, porque não há de forma alguma umapoiesis, produção – e nem sequer o artista, porque aquele que assina com um irônico nome falso o vaso sanitário não age como artista, mas, se muito, como filósofo ou crítico, ou, conforme gostava de dizer Duchamp, como “alguém que respira”, um simples ser vivo.

Em todo caso, certamente ele não queria produzir uma obra de arte, mas desobstruir o caminhar da arte, fechada entre o museu e a mercadorização.  Vocês sabem: o que de fato aconteceu é que um conluio,  infelizmente ainda ativo, de hábeis especuladores e de “vivos” transformou o ready-made em obra de arte. E a chamada arte contemporânea nada mais faz do que repetir o gesto de Duchamp, enchendo com  não-obras e performances a museus, que são meros organismos do mercado, destinados a acelerar a circulação de mercadorias, que, assim como o dinheiro, já alcançaram o estado de liquidez e querem ainda valer como obras. Esta é a contradição da arte contemporânea: abolir a obra e ao mesmo tempo estipular seu preço.

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Sobre o autor

Giorgio Agamben nasceu em Roma em 1942. É um dos principais intelectuais de sua geração, autor de muitos livros e responsável pela edição italiana das obras de Walter Benjamin. Deu cursos em várias universidades europeias e norte-americanas, recusando-se a prosseguir lecionando na New York University em protesto à política de segurança dos Estados Unidos. Foi diretor de programa no Collège International de Philosophie de Paris. Mais recentemente ministrou aulas de Iconologia no Istituto Universitario di Architettura di Venezia (Iuav), afastando-se da carreira docente no final de 2009. Sua obra, influenciada por Michel Foucault e Hannah Arendt, centra-se nas relações entre filosofia, literatura, poesia e, fundamentalmente, política. Entre seus principais livros destacam-se Homo sacer (2005), Estado de exceção (2005), Profanações (2007), O que resta de Auschwitz (2008) e O reino e a glória (2011), os quatro últimos publicados no Brasil pela Boitempo Editorial.

Pensamento a respeito de sociedade

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Por: Rodrigo Estevan Ramos

Desde sempre, o homem quer ser Deus e, em busca de ser o que não poder ser, se impõe sobre o seu semelhante. Apropriando-se do sistema natural da vida, que é a vida em sociedade,ele constrói comportamentos ou “filosofias” que prometem dar rumo à existência do outro, acabando por torná-lo dependente de tais veículos para a sobrevivência em sociedade e sua afirmação de “normalidade”. 

Só os loucos, marginalizados e rebeldes vivem fora deste sistema. Dentro dele existem as religiões, que ao invés de combater falsas verdades, dão a elas mais força em alguns aspectos, denunciando ou desconstruindo somente aquilo que é conveniente e favorável. Ora, sabemos que leis e regras são naturais em uma sociedade, assim como as instituições, porém também sabemos que há uma usurpação dentro destas leis e regras, usurpação essa consciente e benéfica àqueles que ditam o comportamento e leis que regem a massa.

Enquanto a maior parte da população pensa em como ganhar mais e consumir mais, os dominadores pesam em como escravizar mais pessoas, que acabam por fim sendo elas as consumidas e nem sequer se dão conta disso: vivendo pra comer, pagar e dormir, comprometendo a saúde e valores em nome do consumo superficial e mentiroso. Até Deus é consumido nesta sociedade ao invés de ser adorado e reverenciado pela humanidade que criou. É uma escolha que grande parte das pessoas nem sabe que fez, que assim acaba comprometendo suas vidas e a vida dos que os cercam. 
A única forma de conservarmos o livre arbítrio é tendo um verdadeiro conhecimento de quem é Deus e de quem nós somos, de tudo que podemos fazer e de onde queremos chegar. Aí sim, nenhum sistema ou mentira construída para manipular é capaz de nos prender, pois sabemos quem somos e o que viemos fazer nesta vida e com a nossa vida! Deus é soberano e o mais interessado em dar sentido e rumo para a existência e jamais deixará que nos percamos.

“Fazemos o que devemos fazer para fazemos o que queremos fazer”.

 
 

Esquecidos na Escuridão

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O projeto não aborda a questão dos dependentes químicos, nem aponta o que pode acontecer com os usuários que vivem na região

Patrícia Benvenuti, da Reportagem

Foto: André Vicente/Folha Imagem

As discussões sobre o projeto da Nova Luz, que prevê a requalificação do centro de São Paulo, trazem à tona uma das questões sociais mais graves da capital paulistana, a questão dos usuários de crack.

As reformas incidirão justamente sobre a área que ganhou o apelido de Cracolândia, próxima à Pinacoteca do Estado, Estação da Luz, Sala São Paulo, pontos famosos e turísticos da cidade.

O projeto da Nova Luz, em si, não cita a questão dos dependentes químicos nem fornece pistas sobre o que acontecerá com os usuários que hoje vivem na região, o que gerou críticas até mesmo do Ministério Público Estadual.

A Prefeitura nega que a implantação do projeto Nova Luz esteja relacionada com a existência dos usuários e de moradores de rua na região.

O secretário de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, argumenta que o projeto não aborda a questão dos dependentes químicos por ser essa uma questão mais “urgente” e que envolve diversos setores.

“Esse é um problema [dependência química] com uma urgência muito maior do que a transformação urbana da área e deve ser feito dentro de uma abordagem correta, que é saúde, assistência social, segurança, um conjunto de ações integradas”, afirma.

Segundo ele, a questão já está sendo contemplada pela Ação Integrada Centro Legal, que iniciou em 2009 e conta com operações de diversos órgãos municipais e estaduais, como Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Assistência Social, Guarda Civil Metropolitana, Conselho Tutelar, entre outros.

Segundo a página do Programa Centro Legal na internet, o objetivo é “dar atendimento completo às pessoas que vivem nas ruas na região da Cracolândia, sejam dependentes químicas ou não, e dar-lhes tratamento de saúde e psicológico adequado, de acordo com suas necessidades”.

O programa funciona por meio de abordagens feitas nas ruas por agentes comunitários da Secretaria Municipal de Saúde e por agentes de proteção urbana da Secretaria Municipal de Assistência Social.

Internações

Apesar de a Prefeitura negar a vinculação entre o projeto da Nova Luz e a presença de dependentes químicos na área, a propaganda em torno de “soluções” para a área cresceu com a aproximação do lançamento do projeto “consolidado”, em agosto.

No início do mesmo mês, o prefeito Gilberto Kassab anunciou a criação de um mais programa para auxiliar a retirada de dependentes químicos que vivem nas ruas da capital paulista, especialmente na região central.

Constituído por três fases – recolhimento, triagem e destinação -, o plano prevê que agentes comunitários da saúde e assistentes sociais identifiquem os dependentes químicos, que deverão ser recolhidos por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM).

No lançamento da versão consolidada do projeto na Câmara, Kassab fez questão de frisar que os esforços da Prefeitura para a retirada dos dependentes químicos não estão relacionadas com o projeto.

“Existe uma preocupação crescente na região, não por conta desse projeto [da Nova Luz], mas por conta das pessoas que merecem, por parte do poder público, todo o apoio para que possam se recuperar”.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde informou, por meio de nota, que o plano não prevê internações forçadas, mas um “abrigamento forçado” nos centros de acolhida.

O órgão disse ainda que as internações voluntárias (aquelas que se dão com o consentimento do usuário), involuntárias (que se dão sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro) e compulsórias (determinadas pela Justiça) são realizadas “segundo as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde e as determinações da lei federal 10.216/2001”.

“Nos últimos dois anos, 4 mil pessoas oriundas das ruas foram encaminhadas para atendimento médico, em média mais de duas vezes cada uma delas”. A partir disso, segundo a Secretaria da Saúde, houve 1.705 internações para tratamento da dependência, 111 delas involuntárias ou compulsórias.

Higienização

No entanto, o integrante do Movimento Nacional da População de Rua Anderson Lopes Miranda reclama que grande parte das abordagens não é feita por agentes de saúde, e sim por policiais, muitas vezes de forma truculenta.

“A população é tratada como problema, crack, e nós não podemos ser tratados como caso de polícia”, afirma.

O presidente do Centro É de Lei, Bruno Ramos Gomes, que trabalha com os usuários da região da Luz desde 2003, lembra que a região tem um histórico antigo de repressão contra os usuários. Segundo ele, um esforço mais sistemático para retirar a população das ruas começou em 2005, na gestão de José Serra na Prefeitura, com a “Operação Limpa”. Desde então, já tentou-se diversas ações, com nomes diferentes mas sempre com o objetivo de “limpar” a região.

A situação, segundo ele, tende a se agravar agora, com a proximidade do início das obras do projeto.

“Tem todo um interesse político e financeiro na região, e aquela população é meio que o resto que deve ser tirado de lá para que eles consigam fazer o que querem com o espaço”, afirma.

A psicóloga e doutora em saúde pública Luciane Raupp, que pesquisou a dinâmica da região em sua tese de doutorado, questiona o motivo das ações sociais serem implementadas apenas com a iminência da reurbanização.

“Por que pensar nisso só agora? Acho que essa é uma pergunta pertinente. A dependência química existe desde o final da década de 1980 e quase nenhuma ação foi tomada”, diz.

“São Paulo é uma das [cidades] mais antigas no uso de crack, nossa Cracolândia é ‘original’, se comparada às outras que vêm surgindo. Na verdade São Paulo deveria estar pensando em estratégias e políticas públicas para replicar o resto do país, e não é o que vem acontecendo”, afirma Gomes.

Repressão

No Rio de Janeiro, a Prefeitura da cidade determinou, em maio, o recolhimento de todos os menores que estão nas ruas e que sejam dependentes químicos, principalmente de crack, para tratamento.

Em São Paulo ainda não estão previstas medidas do tipo, mas o diretor do Denarc (órgão responsável pelo combate ao tráfico da Polícia Civil paulista) já se manifestou, em entrevistas à imprensa, favorável à internação compulsória como a melhor forma de combater o tráfico e ajuda ao usuário.

Iniciativas tão extremas, no entanto, tendem a ser ineficazes, como explica Luciane. Ela lembra que a “Cracolândia” é composta por pessoas que apenas circulam em busca de drogas e outras que acabaram se estabelecendo na própria região. Essas últimas, segundo ela, apresentam um histórico de problemas sociais.

“Tem muito a questão da vulnerabilidade social ali, da pobreza. Essas pessoas vêm de famílias com problemas, muitas vezes fugindo. Você não pode trabalhar a partir da perspectiva de apenas internar aquelas pessoas porque eles não têm para onde voltar”, afirma.

Para Luciane, é preciso haver esforços integrados, que não trabalhem apenas na perspectiva de tirar as pessoas da região.

“A fórmula para isso já é sabida. A dificuldade é implementar a integração entre saúde e assistência social, habitação, programas que vão desde possibilitar mais vagas em abrigos, albergues, lugares com possibilidade de inserção social, e ampliação da rede de tratamento, com equipes de rua, baseadas no vínculo, a questão dos redutores de danos, agentes comunitários”, diz.

Para Gomes, é importante que haja ações do poder público, mas as medidas devem respeitar as diferenças entre os usuários. Nesse sentido, ele critica o Centro Legal, que se baseia na abstinência total e, principalmente, na urgência em retirá-las do espaço.

“Essas pessoas que constituem o espaço da Cracolândia têm vários rompimentos da vida que estão bem concretizados. Estão distantes da família, não têm nenhuma inserção no mercado de trabalho, problemas com a Justiça, de saúde. Muitas vezes esse tempo urgente da Prefeitura não é o mesmo tempo dos usuários e muitas ações acabam sendo inócuas”, avalia.

Uma alternativa mais eficaz do que a internação, para o presidente do Centro é de Lei, é a aposta em ações graduais de acolhimento.

“Acho que é abrir espaço de acolhimento para eles na região da Cracolândia seria ideal. Um espaço para eles tomarem banho, cuidarem das próprias coisas, poderem relaxar, terem com quem conversar. E são espaços de baixo patamar de exigência, que não exigem que ele tenha parado de usar, que esteja limpo ou que queira se tratar para freqüentar esse espaço”, argumenta.

Para Gomes, se não houver alternativas para os usuários, eles apenas migrarão para outra “Cracolândia”.

“Se o projeto for pra frente, vão desapropriar, demolir e os usuários vão continuar em situação de rua, fumando pedra, vendendo pedra e se prostituindo. Essa população vai acabar migrando para outras regiões, e não sei se vai continuar esse esforço tão grande da Prefeitura em fazer coisas com eles porque aí não vai estar influenciando o projeto urbanístico”, afirma.

A gente sabe que tem que ter diálogo, se não só tem exclusão. É importante o debate para trazer essa população para a visibilidade”, afirma Anderson Anderson Lopes Miranda, do Movimento Nacional da População de Rua.

– Esta reportagem faz parte do dossiê publicado pela revista Brasil de Fato, leia mais em: http://www.brasildefato.com.br/novaluz/cracolandia

1º Post do Ano: A luta de Jesus pela independência: a sua

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O propósito destas páginas é demonstrar que as instruções morais de Jesus não são complexas em suas exigências, mas requerem simplesmente de nós a única coisa que pode conferir à vontade inteireza de propósito, e produzir em nós uma atitude de firmeza e independência intelectual.

É adquirir independência no homem interior – ou seja, verdadeira vida.

Com lamentável freqüência as palavras de Jesus são usadas pelos cristãos não como meios para a obtenção dessa vontade livre e independente, mas como regulamentos de autoridade inquestionável porque procedem da boca de Jesus. Essa aplicação das suas palavras, no entanto, representa uma efetiva insubordinação a elas.

Não podemos deixar de lado o fato de que Jesus esforçou-se para conduzir os que uniram-se a ele a uma postura que ia além desse tipo de obediência indolente. Compreender corretamente esse aspecto da sua obra é ver a consciência moral do ser humano encontrando nEle sua consumação final; e, se formos incapazes de enxergar isso, não poderemos experimentar a Pessoa de Jesus ou, em qualquer sentido real, o poder da redenção.

Só conseguiremos apreender essa realidade quando as palavras de Jesus nos revelarem o espírito que nos capacita a adquirir independência no homem interior – ou seja, verdadeira vida. A não ser que encontremos em Jesus este caminho para a disciplina e a liberdade interiores, permanecerá para nós impossível experimentar sua Pessoa na qualidade de caminho que conduz ao Pai. Sem completa reverência é impossível que haja completa confiança; porém o acesso a Deus que é nosso através de Jesus consiste numa absoluta confiança na pessoa dele, confiança que representa a libertação dos horrores do isolamento espiritual. A não ser que tenhamos experimentado isso podemos, na verdade, prosseguir falando sobre o drama da redenção como algo realizado eras atrás, mas não teremos qualquer direito de dizer que ele é o Redentor cujo poder experimentamos agora.

Wilhelm Herrmann em seu prefácio a Ensaios sobre o Evangelho Social, 1907.

O direito de permanecer calado

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Há dez anos o que você dizia podia não importar muito, mas o curioso da era da internet é que muito mais coisa está sendo colocada e deixada por escrito, na forma de mensagens de e-mail, conversações de chat (algumas delas gravadas automaticamente), comentários e blogs.

Tudo que você disser poderá ser usado contra você. E eventualmente será.

Em abril passado a jornalista Rachel Mosteller escreveu, sob um pseudônimo, a seguinte entrada no seu blog pessoal:

Odeio meu local de trabalho. Sério mesmo. Tudo bem, primeiro: eles tem esses premiozinhos estúpidos que espera-se aumentem a motivação do pessoal. Você vai e faz alguma coisa “espetacular” (com toda a probabilidade você está fazendo é o seu TRABALHO) e daí alguém diz “Caramba, isso foi espetacular”, então escrevem seu nome num papel, trazem chocolate e balões de gás.

Duas pessoas na redação ganharam isso. POR FAZEREM O TRABALHO DELAS.

Note que:
( 1 ) o nome verdadeiro da jornalista não aparecia no blog;
( 2 ) o nome da empresa onde ela trabalhava não aparecia no blog;
( 3 ) o nome do chefe da jornalista não aparecia no blog;
( 4 ) o nome dos dois empregados premiados com chocolate e balões de gás não aparece no blog;
( 5 ) a cidade ou o estado do odiado “local de trabalho” não apareciam no blog.

Mas alguém estava lendo. No dia seguinte a dona foi despedida.

A matéria do Washington Post em que li essa notícia menciona uma série de outros casos de gente que foi mandada para a rua por desfiar opiniões – digamos – pouco lisonjeiras sobre seus locais de trabalho em seus blogs pessoais.

E agora, José? Onde começa a vida pessoal e termina a vida corporativa?

Antes que eu caia em maus lençóis, cabe dizer que tudo aqui na Bacia das Almas é ficção; que qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas, etc, etc, etc; e que se o que eu disser puder ser interpretado de mais de uma forma, interprete por favor da forma mais amena, mais inócua e menos inteligente.

Vai ser melhor pra todo mundo.

——- extraído do blog – http://www.baciadasalmas.com/

Latinoamérica

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Soy… soy lo que dejaron
Soy toda la sobra de lo que te robaron
Un pueblo escondido en la cima
Mi piel es de cuero, por eso aguanta cualquier clima

Soy una fábrica de humo
Mano de obra campesina para tu consumo
Frente de frío en el medio del verano
El amor en los tiempos del cólera, ¡mi hermano!

Si el sol que nace y el día que muere
Con los mejores atardeceres
Soy el desarrollo en carne viva
Un discurso político sin saliva

Las caras más bonitas que he conocido
Soy la fotografía de un desaparecido
La sangre dentro de tus venas
Soy un pedazo de tierra que vale la pena

Una canasta con frijoles,
Soy Maradona contra Inglaterra
Anotándote dos goles
Soy lo que sostiene mi bandera
La espina dorsal del planeta, es mi cordillera

Soy lo que me enseñó mi padre
El que no quiere a su patría, no quiere a su madre
Soy América Latina,
Un pueblo sin piernas, pero que camina

Tú no puedes comprar el viento
Tú no puedes comprar el sol
Tú no puedes comprar la lluvia
Tú no puedes comprar el calor

Tú no puedes comprar las nubes
Tú no puedes comprar los colores
Tú no puedes comprar mi alegría
Tú no puedes comprar mis dolores

Tú no puedes comprar el viento
Tú no puedes comprar el sol
Tú no puedes comprar la lluvia
Tú no puedes comprar el calor

Tú no puedes comprar las nubes
Tú no puedes comprar los colores
Tú no puedes comprar mi alegría
Tú no puedes comprar mis dolores

Tengo los lagos, tengo los ríos
Tengo mis dientes pa’ cuando me sonrio
La nieve que maquilla mis montañas
Tengo el sol que me saca y la lluvia que me baña

Un desierto embriagado con peyote
Un trago de pulque para cantar con los coyotes
Todo lo que necesito,
Tengo a mis pulmones respirando azul clarito
La altura que sofoca,
Soy las muelas de mi boca, mascando coca

El otoño con sus hojas desmayadas
Los versos escritos bajo la noches estrellada
Una viña repleta de uvas
Un cañaveral bajo el sol en Cuba

Soy el mar Caribe que vigila las casitas
Haciendo rituales de agua bendita
El viento que peina mi cabellos
Soy, todos los santos que cuelgan de mi cuello
El jugo de mi lucha no es artificial
Porque el abono de mi tierra es natural

Tú no puedes comprar el viento
Tú no puedes comprar el sol
Tú no puedes comprar la lluvia
Tú no puedes comprar el calor

Tú no puedes comprar las nubes
Tú no puedes comprar los colores
Tú no puedes comprar mi alegría
Tú no puedes comprar mis dolores

Não se pode comprar o vento
Não se pode comprar o sol
Não se pode comprar a chuva
Não se pode comprar o calor
Não se pode comprar as nuvens
Não se pode comprar as cores
Não se pode comprar minha alegria
Não se pode comprar as minhas dores

No puedes comprar el sol…
No puedes comprar la lluvia
(Vamos caminando) No riso e no amor
(Vamos caminando) No pranto e na dor
(Vamos dibujando el camino) El sol…
No puedes comprar mi vida
(Vamos caminando) LA TIERRA NO SE VENDE

Trabajo bruto, pero con orgullo
Aquí se comparte, lo mío es tuyo
Este pueblo no se ahoga con marullo
Y se derrumba yo lo reconstruyo

Tampoco pestañeo cuando te miro
Para que te recuerde de mi apellido
La operación Condor invadiendo mi nido
!Perdono pero nunca olvido!

Vamos camimando
Aquí se respira lucha
Vamos caminando
Yo canto porque se escucha
Vamos dibujando el camino
(Vozes de um só coração)
Vamos caminando
Aquí estamos de pie

¡Que viva la américa!

No puedes comprar mi vida…

Primeiro dia de ocupação de Belo Monte é ignorado pelas TVs brasileiras

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(…) a imprensa bra­si­leira cum­priu o seu papel, não por ide­o­lo­gia, per­se­gui­ção, par­ti­da­rismo, mas por­que é uma obri­ga­ção do jor­na­lismo fis­ca­li­zar o poder público, aler­tar a soci­e­dade e defen­der a democracia. Carlos Nascimento – Jornal do SBT

É trans­cre­vendo o comen­tá­rio de Car­los Nas­ci­mento, âncora do Jor­nal do SBT de hoje, 27/10/2011, que começo este artigo para mos­trar o quanto empe­nhado está, real­mente, o jor­na­lismo bra­si­leiro, em mos­trar os fatos e tra­zer a ver­dade aos cida­dãos, informando-os sobre o que ocorre no país.

Sim, é ver­dade, o Bra­sil é o país da Amé­rica Latina mais bem ser­vido de bons jor­na­lis­tas e onde, prin­ci­pal­mente, a grande mídia não sofre influên­cias nem de Governo nem da classe mais abas­tada. Aqui pode­mos bater no peito e dizer que somos bem infor­ma­dos e sabe­mos tudo na mais abso­luta transparência. Piada né? Sim, uma grande e engra­çada piada, caro leitor.

Hoje foi o pri­meiro dia da grande ocu­pa­ção do can­teiro de obras da Bar­ra­gem de Belo Monte, em Alta­mira (PA) por povos indí­ge­nas, pes­ca­do­res, ribei­ri­nhos, peque­nos agri­cul­to­res e popu­la­res, todos direta ou indi­re­ta­mente afe­ta­dos pela cons­tru­ção da usina. São mais de 300 pes­soas, de diver­sas ida­des, que estão neste exato momento acam­pa­das entre as máqui­nas pesa­das na imensa cla­reira aberta pela Norte Energia.

Mas você não viu isso em nenhum tele­jor­nal, ou viu? Não, real­mente não viu. Uma ocu­pa­ção desta mag­ni­tude, com inte­res­ses do Governo em jogo, não foi sequer nota de comen­tá­rio em NENHUM TELEJORNAL no dia de hoje. Nem Globo, nem SBT, nem Record, nem Band, nem RedeTV!, nenhuma grande emis­sora se mani­fes­tou sobre o caso. Muito pelo con­trá­rio, deram um jeito de cor­rer atrás de outras notí­cias menos impor­tan­tes, mas que ganha­ram des­ta­que na tela, como o que Romá­rio pensa sobre a sele­ção femi­nina de fute­bol, o OccupyWallS­treet e a revolta das char­re­tes de NY. A Globo até resol­veu falar sobre o Pana­me­ri­cano do México(assunto que estava evi­tando noti­ciar, já que os direi­tos de trans­mis­são foram com­pra­dos pela Record com exclu­si­vi­dade). Tudo isso para não ter de tocar no assunto da ocu­pa­ção de Belo Monte.

Já as novas mídias, os sites de notí­cias e ver­sões online de alguns jor­nais (digo isso por ainda não saber se a notí­cia sairá na ver­são impressa tam­bém), estes cor­re­ram atrás e noti­ci­a­ram quase que em tempo real. Tal­vez pelo sim­ples fato de não dei­xar de dar a notí­cia e per­der a posi­ção para os milha­res de blogs de jor­na­lis­tas ama­do­res, cida­dãos como eu e você, que can­sa­ram de ver os fatos serem mas­ca­ra­dos e ter­mi­nam publi­cando quase tudo que acon­tece ao seu redor, gerando a ver­da­deira notícia.

No começo do artigo eu cito os jor­na­lis­tas, mas agora vou me retra­tar. Na ver­dade não creio que um jor­na­lista, que estu­dou duro para ter seu diploma e lutou para arru­mar um emprego numa boa reda­ção, não que­ria dar a notí­cia cor­reta ou tenha algum inte­ressa em, sim­ples­mente, não dar a notí­cia. Não, não acre­dito nesta hipó­tese. Mas sei do que acon­tece acima deles. A cen­sura na ver­dade parte dos donos dos veí­cu­los de comu­ni­ca­ção e dos gran­des edi­to­res, todos estes quem tem, em níveis dife­ren­tes, o rabo preso com o Governo ou algum inte­resse par­ti­cu­lar na notí­cia a ser cen­su­rada ou maqui­ada. Estes sim, os cor­rup­tí­veis, são os ver­da­dei­ros cul­pa­dos da omis­são das gran­des mídias em cer­tos assun­tos de inte­resse naci­o­nal e, em espe­cial, neste caso da Usina de Belo Monte.

Real­mente, a notí­cia da ocu­pa­ção deses­ta­bi­li­za­ria com­ple­ta­mente a posi­ção firme do Governo em per­se­ve­rar na cons­tru­ção da usina. Ima­gina só vocês, que con­fu­são ia dar, se o povão sou­besse o que real­mente está acon­te­cendo! Muita gente, sabendo o mínimo sobre este empre­en­di­mento, já é logo con­tra este absurdo, ima­gina então se a maior par­cela da popu­la­ção tomasse conhe­ci­mento? Real­mente seria uma tra­gé­dia para os pla­nos de “desen­vol­vi­mento sus­ten­tá­vel” do país.

É por isso, meus caros, que nem os pro­ces­sos na jus­tiça sobre Belo Monte, nem os atos locais, em cada cidade, nem esta grande ocu­pa­ção apa­re­ce­ram uma vez sequer na tele­vi­são, veí­culo de mas­sas, for­ma­dor de opi­nião. Nada disso será visto por um bom tempo ainda, e cabe a nós, pes­soas comuns, mas temos a cons­ci­ên­cia do que está acon­te­cendo no Para, espa­lhar a notí­cia, como está fazendo este artigo agora, como fazem deze­nas de blogs, como fazem alguns vídeos ama­do­res, etc.

Infe­liz­mente a nossa mídia é uma mídia com­prada, de uma ver­dade falida e com prin­cí­pios que só ser­vem para se ler no papel. Na prá­tica, no Bra­sil, nada disso fun­ci­ona como está escrito. Ética e trans­pa­rên­cia, aqui, pas­sam longe.

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Notícia extraída do site: http://www.parebelomonte.com.br/

O CAPITALISMO É A CRISE

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Os cientistas estão dando à nossa era o nome de Antropoceno, para denotar o impacto sem precedentes que os seres humanos estão exercendo sobre o planeta, impacto que está causando a sexta extinção em massa da história do planeta.

Há mais escravos hoje em dia do que em qualquer outro período da história humana.

Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, o total de débito assumido por estudantes (que não entraram ainda no mercado de trabalho) é maior do que o total do débito assumido pelo público consumidor em geral.

Os gastos militares globais alcançaram uma cifra recorde em 2011.

O mundo está morrendo, e os capitalistas estão quebrando recordes de lucro enquanto ele morre.

Michael Truscello, em Capitalism is the Crisis

 

Não é a economia que está em crise; a economia é a crise. Não é que não há trabalho, o que há é trabalho demais. Tudo somado, não é a crise, é o crescimento a causa da nossa depressão.

The Coming Insurrection

 

O modo de se fazer dinheiro é comprar quando há sangue correndo pelas ruas.

John D. Rockefeller, magnata do petróleo

 

O Estado é uma condição, uma certa relação entre seres humanos, uma modalidade de comportamento. Para destruí-lo é necessário estabelecer-se outras relações, e isso se faz quando passamos a agir de modo diferente uns para com os outros.

Gustav Landauer, pacifista e anarquista alemão

A ORDEM DAS COISAS

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  • Qualquer coisa que exista no mundo quando você nasceu é absolutamente normal e ordinária, mera parte do modo como o mundo funciona.
  • Qualquer coisa inventada entre os seus quinze e os seus trinta e cinco anos é nova e empolgante e revolucionária e você provavelmente pode fazer carreira com ela.
  • Qualquer coisa inventada depois dos seus trinta e cinco anos é contra a ordem natural das coisas.

Douglas Adams

 

Uma perversa simetria

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Não é possível separar o sofrimento do 11 de setembro da cobertura de mídia que o cercou, porque a mídia foi o motivo pelo qual a atrocidade foi perpetrada. Essas mortes foram projetadas e desenhadas para a câmera, aprovisionando-a de todos os modos.

Por essa razão a cultura das imagens tem um relacionamento diverso com os ataques, que serviu como confirmação em pesadelo de sua má consciência. Houve uma perversa simetria no fato dos terroristas terem servido a destruição das torres a uma sociedade cujo entretenimento favorito consiste em assistir ao maior número possível de explosões gigantescas. O espetáculo foi ao mesmo tempo a visão mais terrível do mundo e exatamente o tipo de imagem que toda organização de notícias cobiça e todo espectador sintoniza para consumir.

Laura Miller, escrevendo sobre porque não
é possível escrever boa ficção sobre 11 de setembro de 2001

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